Vista da Ponte Antônio Plácido de Souza

Vista da Ponte Antônio Plácido de Souza

Vista da Ponte Antônio Plácido de Souza, no sentido bairro-Centro

Uma Nova Ponte para o Educandos

Apesar de o Educandos já possuir duas pontes que o ligavam à Cidade, ainda existia a necessidade de se estabelecer uma ligação direta entre esse bairro e o Centro, projeto idealizado em 1912, pelo intendente Tristão de Salles.

O assunto entraria em discussão efetivamente apenas cinco décadas depois. Na administracão do então prefeito Paulo Nery, com o surgimento do Plano Rodoviário Municipal, em meados da década de 1960. Esse projeto previa, a construção da Rodovia do Contorno – anel viário de, aproximadamente, 24 quilômetros que sairia e terminaria no aeroporto Ajuricaba, atual Ponta Pelada.

O Sonho dos Moradores do Educandos

Para se estabelecer o último trecho dessa via – a ligação Floriano Peixoto-Paredão e avenida Presidente Kennedy  –  era necessária a edificação de uma ponte sobre o igarapé do Educandos, entre o terminal da Quintino Bocaiúva, no Centro, e a rua Delcídio de Amaral, em Educandos. Era o ressurgimento do desejo antigo alimentado pelos moradores desse bairro.

No ano seguinte, por meio do então Departamento Rodoviário Municipal – DRM, a prefeitura contratou o Escritório de Serviços de Engenharia Estrutural Roberto Rossi Zuccolo, firma paulista, para a confecção do projeto dessa obra, que seria modificado. Anos depois, devido a exigências feitas pelo Ministério da Marinha e pelo antigo Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS.

Nery pretendia começar a construção da ponte em 1972, seu último ano de mandato, porém, a licitação para a escolha da empresa que executaria os trabalhos sendo realizada somente no outro ano, na então administração municipal de Frank Lima, sendo vencedora a firma Serviços Gerais de Engenharia S/A – Sergen, do Rio de Janeiro, que assinou contrato no dia 19 de junho de 1973, ano de início das obras.

Muitos Nomes para a Ponte

Por proposta do então vereador Fábio Lucena, a ponte levaria o nome do jornalista e escritor Ramayana de Chevalier. Mas, houve protestos por parte dos moradores do bairro. Eles preferiam que se homenageasse o primeiro pároco da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padre Antônio Plácido de Souza, responsável por várias obras sociais no Educandos.

Até mesmo um abaixo-assinado com mais de três mil assinaturas de moradores do bairro foi entregue ao prefeito Frank Lima. Enquanto durava a polêmica a respeito da sua denominação oficial, foi chamada, popularmente, de Ponte do Educandos.

A intenção de Frank era entregar a ponte em 1974. Mas as obras foram paralisadas entre junho e setembro em razão do período de cheia do rio Negro. Retomados os trabalhos, o serviço de concretagem ficou concluído em março de 1975, mês em que Frank Lima deixou a Prefeitura.

Ponte Padre Antônio Plácido de Souza

A construção estava em sua reta final, mas a divergência acerca do nome da ponte se arrastava. O vereador Vinícius Conrado sugeriu que ela fosse então denominada Frank Abrahim Lima em homenagem ao prefeito que havia iniciado a obra. Já o edil Irineu Melo indicou o nome do então intendente Tristão de Salles, autor do projeto da ponte, em 1912.

Havia, ainda, uma terceira sugestão, do vereador Davi Rocha – que não concordava em assim se homenagear o ex-prefeito por este ainda estar vivo. Preferia que ela recebesse o nome de um falecido catraieiro que, por anos, trabalhou naquela travessia.

Em 10 de outubro de 1975, por meio da Lei 1.223, a ponte recebeu sua denominação oficial, Ponte Padre Antônio Plácido de Souza. Nomenclatura que, aliás, foi recomendada por Frank antes da saída do cargo de chefe do Executivo Municipal.

Com 340 metros de comprimento e, aproximadamente, 8,50 de largura, a obra teve sua inauguração na semana seguinte, no dia 18 de outubro. E contou com a presença do ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, do então governador Henoch Reis e do prefeito Jorge Teixeira, acompanhado de sua esposa Alda Teixeira, que cortou a fita simbólica da nova ponte.

Em suma, mais de quatro mil pessoas se aglomeraram a frente da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para ouvir o discurso das autoridades e agradecer pela concretização do sonho de décadas.

Foto: Hamilton Salgado.

Imagem e texto retirados do livro Manaus, entre o passado e o presente do escritor Durango Duarte.

 

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