Há 39 longos anos ele caminha pela cidade com a chave. As vezes balança, mas não cai. Uns andam acompanhados de um cão. Inclusive elegantes madames. Alguns preferem usar um amuleto.
Há gente que ainda não se acostumou a andar sem chapéu. Outros de gravata e paletó. Como há gente que não usa os ditos. “Seu” Francisco carrega o instrumento de trabalho, pois é funcionário do Departamento de águas. Encanador.
A chave serve para isto: enrosca e desenrosca. Desaperta muita gente, até ele mesmo. As gerações vão passando e “seu” Francisco sempre com a chave. Fazendo confusão, aparecendo quem não saiba se é ele que anda com a chave ao ombro, ou se é ela que o sustenta em pé.
O costume é que o faz andar assim. Teve um companheiro de profissão, mais velho que ele, o falecido Francisco Henriques Nascimento, que foi o ‘inventor” do negócio. “Seu” Francisco achou bonito e passou a imita-lo. Até se tornar conhecido e popular. Mas tem vezes que deixa a chave em casa. É quando vai votar na 70 seção eleitoral que funciona na Penitenciária.
Tem orgulho de ser eleitor e sua vaidade vai ao ponto de levar quase dez minutos para assinar o nome na folha de votação. Faz assim por gosto, unicamente. Ou com saudades da chave.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 30 de dezembro de 1963.
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