Fachada do edifício da faculdade, no bairro Nossa Senhora Aparecida
Repartição de Higiene Pública
A Escola Universitária Livre de Manáos possuía uma Faculdade de Medicina composta pelos cursos de Farmácia, de Odontologia e de Parteiras. Contudo, apesar dessa denominação, a Faculdade não possuía um curso de Medicina. Conforme a primeira edição da publicação Archivos da Escola Universitária Livre de Manáos, de 1911. A Universidade não dispunha de recursos para sua implantação, que demandaria, entre outras coisas, de laboratórios para as aulas práticas.
A direção da então Faculdade foi assumida por Galdino Martins de Souza Ramos e suas aulas iniciaram em 6 de abril de 1910. Com um total de 48 alunos, entre matriculados e ouvintes, sendo 22 de Farmácia e 26 de Odontologia. Apenas o Curso de Parteiras não obteve matrícula alguma nesse primeiro ano de funcionamento da Faculdade.
Em razão de a então Universidade não dispor de laboratórios próprios, as aulas práticas foram realizadas no Laboratório Químico do Estado, no hospital da Santa Casa de Misericórdia, no Gabinete Bacteriológico do Serviço Sanitário do Estado e na Repartição de Higiene Pública.
Antigo Curso de Parteiras
A Reforma Rivadávia Corrêa, de 5 de abril de 1911, que estabeleceu um novo regulamento para o então ensino Superior em todo o território nacional, determinou, também, que, para ser considerada Faculdade de Medicina, a instituição deveria oferecer quatro cursos: Ciências Médicas e Cirúrgicas, Farmácia, Odontologia e Obstetrícia – este, que substituiu o antigo Curso de Parteiras e obteve uma aluna no ano letivo de 1911.
A colação de grau da primeira turma da Faculdade, com oito formandos em Odontologia e dez em Farmácia, aconteceu em 1º de janeiro de 1912. No salão nobre do Gymnasio Amazonense, atual Colégio Amazonense D. Pedro II. No ano posterior, a Faculdade teve sua transferência com a Universidade para o prédio da avenida Joaquim Nabuco, permanecendo até 1926.
Em 1925, a então Congregação Geral da Universidade de Manáos iniciou uma discussão sobre a reformulação do seu estatuto – promulgado em 1º de maio de 1926 –, que resultou na transformação da Universidade em Associação Vulgarizadora do Ensino e na criação da Faculdade de Pharmacia e Odontologia de Manáos, instituto isolado de ensino superior, dotado de autonomia didática, administrativa e financeira.
Reforma Rocha Vaz
Essa fusão dos cursos de Farmácia e de Odontologia atendia às modificações estabelecidas pela então Reforma Rocha Vaz, de 1925, que, entre outras exigências, dizia que somente os Institutos de Ensino Superior que fossem autônomos didática e administrativamente teriam os seus diplomas validados pelo Governo Federal. Até atingirem autonomia, os dois cursos já haviam diplomado 36 farmacêuticos e 53 dentistas.
A direção desse novo instituto ficou sob a responsabilidade de Vicente Telles de Souza Junior, presidente recém-empossado da Congregação da Faculdade de Pharmacia e Odontologia de Manáos, cuja primeira reunião ocorreu em 3 de julho de 1926 para a elaboração do seu estatuto. Dez dias depois, pela Lei 1.343, a Intendência Municipal concedeu auxílio de cinco contos de réis para que a Faculdade pudesse dar início ao seu patrimônio e arcar com suas despesas essenciais.
Interventor Federal Álvaro Maia
Por essa lei, a então municipalidade de Manáos também deveria contemplar, em seus orçamentos futuros, subsídios anuais à referida instituição. A Faculdade teve os seus diplomas reconhecidos como válidos em todo o território nacional (Decreto Federal 19.852, de 11 de abril de 1931) e foi oficializada pela Lei Estadual 1.190, de 21 de dezembro de 1931. Dois anos depois, recebeu assim a doação de um prédio, de propriedade do Governo do Estado, situado na rua Leovegildo Coelho, Centro, por detrás da igreja de Nossa Senhora dos Remédios. Ainda na década de 30, passou a ser auxiliada com recursos financeiros estaduais.
Devido à precariedade daquele imóvel, o então interventor federal Álvaro Maia, por meio do Decreto 237, de 10 de abril de 1939, revogou a doação do prédio feita seis anos antes e concedeu, para usufruto perpétuo da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Manaus, o próprio estadual situado na avenida Joaquim Nabuco, Centro, onde já funcionava o Grupo Escolar Nilo Peçanha – que permanece nesse local até os dias de hoje.
A Faculdade de Farmácia e Odontologia ficou assim sediada nesse endereço até 1944. Quando o Governo Federal (Decreto 17.204, de 21 de novembro) proibiu o seu funcionamento. Duas décadas depois, em 1966, a Fundação Universidade do Amazonas criou, em Manaus, uma nova Faculdade de Farmácia e Odontologia.
Hospital Universitário Getúlio Vargas
Instalada no prédio em que havia funcionado o antigo Grupo Escolar Plácido Serrano, situado na então avenida Ayrão, no trecho hoje denominado Waldemar Pedrosa. O seu terreno ficava contíguo ao atual Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, local onde se ministrava as aulas práticas.
Nesse edifício, doado pelo Governo Estadual à então Universidade do Amazonas – UA por meio da Lei 348, de 13 de dezembro de 1965, também foi instalada a Faculdade de Medicina. A aula inaugural da Faculdade de Farmácia e Odontologia ocorreu no dia 18 de maio de 1966. No auditório Alberto Rangel, situado na Biblioteca Pública do Estado.
A formatura da primeira turma da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade do Amazonas, composta assim por onze alunos, aconteceu em 1970. Nesse mesmo ano, teve inaugurado o ambulatório clínico, destinado, também, às aulas práticas dos cursos de Medicina e Farmácia e Odontologia da UA.
Complexo Ambulatório Araújo Lima
Localizado na esquina da rua Afonso Pena com a avenida Waldemar Pedrosa, Centro, esse ambulatório, posteriormente, recebeu a denominação Araújo Lima em homenagem a esse ex-prefeito de Manaus. No segundo semestre de 2008, teve inaugurado um novo prédio, ao lado do antigo, que passou a formar o Complexo Ambulatório Araújo Lima.
Pela Resolução 32, de 14 de junho de 1972, do Conselho Universitário,teve aprovada a então separação administrativa dos cursos de Farmácia e Odontologia. Em 1975, os cursos de Farmácia, Odontologia e Medicina passaram a pertencer a uma só unidade, a Faculdade de Ciências da Saúde – FCS. E extinguiu- se, automaticamente, a Faculdade de Farmácia e Odontologia.
Anos depois, o prédio situado nas esquinas das ruas Comendador Alexandre Amorim e Xavier de Mendonça, bairro Nossa Senhora Aparecida, adquirido pela então Universidade para a instalação dos cursos de Farmácia e Odontologia, serviu para a instalação definitiva do curso de Farmácia, onde permanece até hoje. Já o curso de Odontologia, continua nas proximidades do HUGV, em um dos prédios da Faculdade de Ciências da Saúde, na avenida Waldemar Pedrosa, n. 1.539, Centro.
Acervo: Biblioteca do IBGE – Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Municípios Brasileiros.
Imagem e texto retirados do livro Manaus, entre o passado e o presente do escritor Durango Duarte.
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