Sua aparência não é de euforia, mas seus olhos tristes não traduzem desespero. Sem entender muito de cavalos, achamos que o burro tenha mais filosofia, muito mais que até certos bípedes. Com plumas ou sem elas.
O que mais destaca o quadrúpede doméstico é o seu espírito de renúncia, conformismo, resignação. Por isso mesmo seja classificado assim, nos dicionários, com o acréscimo de solípede.
O da foto prepara-se para pastar em plena Eduardo Ribeiro, pertinho da Sete de Setembro. Em sua humildade não percebe o tráfego e o sinaleiro e muito menos o local. Talvez tenha pedido ao Papai Noel, se é que acredita nele, um bom estábulo, com capim, sombra e água fresca, onde possa relinchar à vontade, sem o incômodo de se encostar em alguma árvore, para, assim, não cair.
Se soubesse ler, provavelmente conheceria o, então, Código de Posturas do Município e sentisse vergonha do mal feito. E raiva de seus semelhantes.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 26 de dezembro de 1963.
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