Não sabemos se a atração popular era mesmo pelo que se vendia lá dentro, ou o relógio sempre certo e agora parado, no alto da porta da esquina. Mas os transeuntes paravam e olhavam, mesmo sem poder comprar. Relógios, joias, mil e uma coisas de valor.
Chamava-se “A La Ville de Paris”, com todo o mundo pronunciando o nome aportuguesada, que ficava melhor. Onde o velho Pires passou anos e anos, conhecido de toda a cidade. A gente bem só usava joias compradas ali. Qualquer artigo da “La Ville” tinha um valor em separado, símbolo de boa qualidade, de “chique”.
Mas nos bairros, entre os proletas, a presença não era omissa. Em qualquer festa ela era lembrada. Pela orquestra que executava seus números com instrumentos musicais comprados ali, na esquina da Sete de Setembro com a Lobo d’Almada, em frente onde foi a “100.000 paletós”.
Desde o pandeiro até o piano, saxofones, baterias, tambores, pistões, flautas, clarinetes e trombones. De tudo, desde o instrumento de origem estrangeira até o nacional da fábrica “Veril”. Mas a “La Ville” desapareceu para dar lugar ao que ainda não sabemos.
Por fim, deixando como recordação a triste lembrança daquele célebre furto, o maior e mais rumoroso da história do crime no Amazonas. Com uma história tão complicada e até hoje não devidamente explicada, que é bem melhor ficarmos por aqui.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 17 de março de 1964.
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