A cima de tudo, era um homem trabalhador. Dava um duro danado durante o dia. Ou seja, seguia pela noite a dentro, até altas madrugadas. Os notívagos o conheciam muito bem. Seu grito era familiar aos boêmios, a todos os homens da noite. Um alento para o então, estômago maltratado.
Vendia mungunzá. Tinha uma campainha, espécie de sirene, pedindo assim, passagem. Depois veio a cegueira. Fechou o negócio. Passou a pedir. Não se acabrunhou. Mesmo espírito alegre, divertido e divertindo-se. Diz sempre que o enterro vai ser às 4 horas da tarde.
Experimente perguntar quem morreu, e não se aborreça com a resposta. Trocou a campainha pela bengala. Mais cômoda, mais própria. Já conhece as notas de cinco mil e aquelas do “índio quer apito”. Assim, pelo tato, que são os olhos da alma. De dia anda sozinho. À noite, segue com um menino, amparado em sua mão pelo ombro. Sempre com a bengala. E boné. em suma, nunca se enganou com o troco.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 21 de novembro de 1963.
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