E o circo chegou – novo circo americano

Novo circo americano

Praça Pedro II

A princípio, novo circo americano, já longe vai o tempo em que o circo americano era original. De qualquer tipo; daqueles de um mastro só, onde o espetáculo teatral era ponto elevado, até os de picadeiros amplos, com trapezistas, bailarinas japonesas dançando no arame, anões legítimos, mulher barbada, etc. havia, em suma, os de bichos, chamados de zoológicos, com leão, elefante e outros animais.

Como o que nos visitou e deixou seus cavalinhos servindo para carregar carvão, e a lhama – coitada! –  que, assim, morreu no abandono e única testemunha visual daquele escândalo do furto das pedras de isqueiro e outras coisas da Alfandega de Manaus. Armado onde está este que agora nos visita.

Grandes circos já nos visitaram, armando suas lonas na Praça Pedro II (onde está o então, IAPETEC), na Praça da Saudade, na Cachoeirinha, na Praça 14 ou no terreno da Capitania. Uns trazem orquestra. Porém, outros apresentam assim apenas uns mambembes. Mas a meninada gosta, embora o novo circo americano já tenha perdido muito de sua originalidade.

Hoje tem espetáculo?

Aquele senta! Senta! Sentou! Partido do poleiro para os espectadores das cadeiras. Ou o “galope”, característica musical dos circos. Ou da propaganda: “Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor! Às 9 horas da noite? É sim, senhor! E o palhaço o que é?”. Para encontrar então a invariável resposta: “é ladrão de mulher!”.

Apesar dos números repetidos, das graças já manjadas dos palhaços, das sensações conhecidas, o novo circo americano ainda é um mundo à parte. Onde vive gente de vida diferente, quase nômade, que sente satisfação em ser assim, que vibra e se entusiasma em cada espetáculo.

O novo circo americano, por dentro só pode ser entendido por essa gente simples, que se diverte divertindo os outros. Que sabe fazer rir mesmo embora, às vezes, tenha vontade de chorar. E é por isso que até hoje ainda se diz que “alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo”.

Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 04 de março de 1964.

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