Rivaliza, embora esteja no chão, com qualquer barraco dos morros cariocas. Para um sambista, serviria de inspiração, cantando a felicidade de seus ocupantes, se é que alguém pode ser feliz assim.
Na mais autêntica arquitetura da “boa vida”, suas paredes são de compensado, aproveitadas das caixas dos comerciantes do mercado, e é coberta de palha recolhida na praia. Não tem trinco nem fechadura, que a porta é um saco de estopa e para entrar ou sair basta levantar. Não se precisa falar do local, que a imundice salta da foto, nem da promiscuidade existente.
Quando o rio encher, fica incorporado a “Cidade Flutuante”, somando-se aos inúmeros cubículos de seu modo e feitio que proliferam pelas redondezas. Como vivem e de que, são perguntas que o leitor deve estar fazendo, sem que sejam dadas respostas. Nem eles mesmos, os ocupantes, sabem porque estão ali e como será o amanhã. E assim se mostra um capítulo dos quadros dolorosos da cidade. Problema social? Sanitário? Um conjugado de esforços, pulso firme e boa vontade poderia resolver o problema. Mas resta a ameaça de que em seu local surja um outro antro, com os mesmos ou mais acentuados problemas. Enquanto se espera como vai ficar, aproveitamos a visão para distrair o leitor.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 29 de fevereiro de 1964.
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