Antes de mais nada, o nome não interessa muito. A figura é mais importante. Já foi notícia neste pedaço de jornal. Pela casa que fez, aquela de arquitetura baseada em tábuas e muito prego, que fica ali no Igarapé de Manaus, dominando a Major Gabriel e a Ipixuna, com ares de grandeza sobre os flutuantes, lá em baixo atolados na lama.
Casa de um bom gosto esdrúxulo, certinhas em suas linhas desajeitadas. E o dono, o construtor, responsável também pela imaginação, é o conterrâneo ai da foto. Trabalhador da Prefeitura, encarregado do serviço que estão vendo. Sabe ele que, na maioria da vezes, perde seu tempo. Não recolhem o entulho retirado das bocas de lobo e volta tudo a entupir, novamente, outra vez de novo.
Nesse meio tempo, para aborrecimento de muita gente, menos dele, que sabe gozar as delícias da vida e, nas horas de folga, sobe para os altos do seu “arranha-céu”, e acompanhando-se ao violão, canta a miséria do lodaçal do igarapé, e as misérias, muito maiores, do asfalto da cidade.
Enfim, conhece o ditado mas não acredita que a casa caia. Prefere e gosta de ser diferente. Mesmo tendo camisa, é um homem feliz.
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 23 de janeiro de 1964.
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