Antes de tudo, dava um orgulho danado, desses de encher o peito, inflar, fica melhor. E o amazonense dizia apontando para um “cachoeirinha-circular”. – “Nós já andávamos de bonde e o carioca só conhecia o puxado a burro”.
Pegar o bonde andando, a nove pontos, era moda. Fazer o “footing” de tardinha, num “Saudade”, também. E os apelidos… Gostoso ! O “Remédios-mercado” era o então chamado de “chá-de- bico”. Ia por trás, ao inverso do outro que seguia pela Sete.
Então, a profissão de motorista era “enrolarbreque”. Havia o de duas lanças, o pequeno, de uma e o grande, chamado “São Luís”. Bonde de Flores, de hora em hora como um cronômetro. E o “plantão” da meia noite, mandando o povo dormir.
“The Manaos Tramways and Light Co. Ltd”. Se tinha Manaus no meio, tava bom, o povo nem queria saber assim a tradução. Preferia olhar o Kirk, alto, magro, de guarda-chuva, um Chamberlain de província.
Em suma, o velho bonde da foto, deteriorado, abandonado, perdido lá na sub-usina da Cachoeirinha, sentinela muda de um cemitério diferente, conta uma fase da cidade que não está muito distante. Saudosismo. Coração choroso. Nem tanto… nem tanto… quem conheceu o bonde sente e sabe. Era tão bom…
Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 20 de novembro de 1963.
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