É natural que o efeito agrade sem lembrar os andaimes do edifício

É natural que o efeito agrade sem lembrar os andaimes do edifício

A princípio, todos cantam sua terra, disse um poeta. Luís Bacellar não quis tanger as cordas da lira, preferindo uma “Frauta de Barro”, para, em acordes maviosos, mostrar um cântico todo seu, em louvor à cidade. Com suas tradições, suas histórias e estórias.

Com variações que encantam pela beleza dos sons. “Em menino achei um dia/bem no fundo do surrão/um frio tubo de argila/e fui feliz desde então”. De Luís Bacelar e de seu livro disseram: “Frauta de Barro” revela-nos, desde o primeiro contato, eficiente domínio do poeta sobre as palavras.

Agora, não estamos diante de uma poesia “confissão”, de uma poesia “desabafo”, porém face a uma contida estruturação do poema, face a uma escolha “consciente” dos “vocábulos”. E quem disse: Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade e José Paulo Moreira da Fonseca.

Em suma, precisa dizer mais desse moço modesto, desse poeta autêntico, que se chama Luís Bacellar? Que tem livro custando um mil cruzeiro distribuído pela livraria São José, do Rio de Janeiro. Olhem a cara do moco, na foto, e os que não sabem, fiquem sabendo: é um Poeta, “Seu topo toca o céu/ e a sua base se firma/nos alicerces do seno”.

Coluna A Cidade em Foto do Jornal A Gazeta, 22 de janeiro de 1964.

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