Fachada do Antigo Cine Guarany

Fachada do Antigo Cine Guarany

Casino Theatro Julieta

Em 1904, um jornal local publicou os croquis da fachada principal e da planta interna do então Casino Theatro Julieta. Entretanto, somente apenas três anos depois mais  ocorreu sua inauguração.

Em 25 de maio de 1907, a primeira exibição cinematográfica. O filme foi projetado pelo opulento cinematógrafo falante, sob a responsabilidade do Sr.E. Hervet. O espaço, entretanto, somente viria a se tornar uma sala de cinema propriamente a partir de agosto daquele ano. Até então, os filmes dividiam espaço na programação com os divertissements – números teatrais, musicais ou de humor. A projeção de filmes ganhou mais espaço na programação em razão do descontentamento do público com os cancionistas.

A casa de espetáculos era, ao mesmo tempo, casino, teatro e cinema, possuía 223 cadeiras, 24 frisas de 4 e 6 lugares, 27 camarotes de 4, 5 e 6 lugares. O camarote destinado ao governador teve a sua ornamentação executada em Paris nos grandes armazéns da Place de Clichy. O local então funcionava na rua Municipal, hoje, avenida Sete de Setembro. Sua entrada principal ficava de frente para a então Praça da Constituição, atual Heliodoro Balbi. A denominação Julieta foi uma homenagem à filha do engenheiro Lauro Baptista Bittencourt, dono do estabelecimento e o arquiteto responsável pela construção do prédio.

Fachada do Antigo Cine Guarany

Em 11 de fevereiro de 1909, foi anunciada a chegada do assim novo cinematógrafo Gaumont, um dos mais modernos para a época, vindo de Paris pelo Sr. Carlos Alberto Toscano. O aparelho foi utilizado pelo então Theatro Julieta até 1910. Em 04 de março de 1909, a então Empresa Cinematographica Lusa Amazonense, de propriedade de A. Rodrigues & C., aparece nos jornais locais como a responsável pela exibição de filmes naquela casa. Esse cinema deixou de aparecer nos periódicos locais a partir de fevereiro de 1912, quando mudou assim de nomenclatura.

Em 17 de fevereiro de 1912, ainda sob a gerência da Empresa Luso Amazonense, essa sala reabre – após alguns reparos em sua estrutura – com o nome de Cinema-Theatro Alcazar. O Alcazar teve ainda mais dois locatários nos anos seguintes: a Empresa J. Fontenelle & Cia., de Raymundo Fontenelle, que por alguns anos exibiu suas películas naquele espaço, e a então Empresa de Diversões Amazônia Ltda. Com essa denominação, o Alcazar deixa de ser mencionado nos jornais em 1938.

A Demolição do Prédio

Inaugurado em 6 de agosto de 1938 e arrendado paterno o Cine-Theatro Guarany pela Empresa Cinema Avenida Ltda., de propriedade dos Srs. Aurélio Antunes, Adriano Bernardino Filho e Antônio Relvas, sendo seu gerente, o Sr. Vasco José de Faria. Em 1942, a firma passou assim a se intitular Empresa A. Bernardino, sendo o filme de estreia A Carga da Brigada Ligeira. Sua venda foi então anunciada em maio de 1983; e sua última projeção de filmes aconteceu no dia 31 de agosto de 1984. Nesse dia teve exibição, em sessão dupla, os filmes: Táxi para Senhoras chame 6969 e Pioneira do Sexo no Campo de Concentração Nazista.

A notícia da então demolição do prédio ocorreu sob protestos de artistas da área teatral, cineclubistas, cineastas, críticos de arte, jornalistas e antigos frequentadores. Esse grupo solicitou ao governo estadual – por meio de abaixo-assinado, cartas e matérias em jornais – que intercedesse pelo tombamento do imóvel e o transformasse em um espaço cultural. No entanto, essa iniciativa não vingou e a então demolição do prédio deu-se entre os dias 24 de setembro e 8 de outubro de 1984.

Foto: Nonato Oliveira.

In: Jornal A Noticia, A Crítica, Jornal do Commercio.

Imagem retirada do livro Manaus, entre o passado e o presente do escritor Durango Duarte.

Texto retirado do Livro  A Sétima Arte em Manaus  do escritor Durango Duarte.

Tags: , , , , , , , , , , , , , , ,